Foi quando comecei a perceber que Deus iniciou um processo comigo. O processo de cura. Porque o processo que cura da parte de Deus não tem band-aind e nem meio termo: é na raspagem mesmo, é profundo, é na raiz. Vi que Deus foi me levando a lugares onde estive com meu pai, onde tivemos algum momento, onde eu tinha alguma lembrança. Comecei a ficar interessada, atenta ao que Deus estava fazendo. Passei a notar que era algo que eu estava vivendo sem buscar, não estava dependendo de mim, mas circunstâncias foram se movendo e eu só ia. Como entrar num barco e ir no rumo da água. Deus estava fazendo MESMO sem a minha busca. Para aprender que naquele momento que você QUER algo de Deus mas já não tem forças para buscar, Ele ainda é fiel e está presente. Ele me conduziu como se pegasse nas minhas mãos e me ajudasse a andar. Sou e estou sendo prova viva de que Deus faz assim. E um dia, andando por um desses lugares em que estive com meu pai, sozinha, quieta, comecei a ouvir dentro de mim: “Tu és oásis no deserto”... ( e pensei: opa, conheço essa música, tá parecendo bem a forma como quando vem algo de Deus ao meu coração) “água fresca num dia quente, se eu não parar pra beber de Ti, eu não poderei prosseguir...Tu és o pão que alimenta, verdadeira comida, se eu não parar pra comer de Ti, eu não poderei prosseguir. Tu és fonte de vida no meu interior, Tu és o pão da vida, eu viverei por Ti”. Essa música é do Diante do trono, mas naquele momento ela soou diferente, eu reconhecia que era o Espírito de Deus trazendo aquilo dentro de mim, de forma que me chamou a atenção como ela surgiu na minha cabeça...soando bem macia...eu cantei ela em silêncio e meditei na letra, assim, sem muito esforço.
Naquela madrugada, acordei com ela novamente na minha cabeça. E um versículo: “A consolar todos os que choram, a por sobre os que estão de luto em Sião, uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria em vez de pranto, vestes de louvor em vez de espírito angustiado...a fim de que se chamem carvalhos de justiça plantados pelo Senhor para a sua glória” . Bom, daí eu já tinha perdido o sono.Levantei. Isaías 61.
E Deus começou a falar comigo...finalmente, porque eu fui sentindo algo diferente, fui identificando a voz Dele. E outro versículo: “ Eis que faço uma coisa nova, agora sairá à luz; porventura não a percebeis?” Isaías 43.
Li ambos capítulos e ali Deus me disse: sabe aquelas águas que você disse que parecem querer te afogar? “Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” (Isaías 43:2).
E então Deus me trouxe a memória a figura do profeta que entrou na caverna. Na hora disse: Parece eu!!!
E Deus foi me fazendo entender que aquele silêncio todo precedia a voz Dele...eu me vi naquele capítulo da Bíblia...aquele homem que conhecia a Deus e que ficou deprimido, e se fechou na caverna.
Eu me vi fechada assim, e Deus me chamou, dizendo: “Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel. Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo nome, tu és meu” Isaías 43:1
Foi como se Ele me dissesse: Eu te chamo pelo teu nome, vem para fora.
Ele veio assim, da mesma forma, com essa voz suave. “Que fazes aqui, Carolina?”
“Ah, Senhor, eu esperei tantas coisas...elas não aconteceram...não foi da forma como eu pensei, como eu queria, não consigo lidar com isso. Não tenho forças, como vou levantar alguém, se eu estou assim...acho que eu não tenho chamado nenhum não, foi tudo um equívoco, não consigo cuidar de ninguém, meu Deus, nem mesmo de mim, olha como eu estou. Tentei tanto tempo honrar meu pai, mas ele morreu e eu não estava sequer falando com ele, parece que eu falhei, não honrei nada...mas eu tentei tanto, desde que te conheci aprendi que deveria ser assim...me ajuda a entender...”
Ele diz: “ Que fazes aqui? Sai da caverna, volta e faz aquilo que você sabe que deve fazer.Volta. Continua. Segue. Confia em mim.” (1RS.19)
Hoje está completando 4 meses...hoje mesmo me lembrei tanto...
Eu sei que minha ferida está sendo tratada por Deus; sim, ainda choro, ainda sinto e sei que vai ser assim, porque sempre vou me lembrar. Mas não estou prostrada.
Eu não tenho mais meu pai aqui, mas Deus coloca em nosso caminho tantas pessoas que nos amam como se tívessemos o mesmo sangue, ainda que não tenhamos. Que me querem bem e que são verdadeiras. Louvo a Deus por isso.
E sigo assim, aberta para a cura de Deus, sabendo que de fato Deus, com sua voz, pode penetrar qualquer situação, qualquer coração, qualquer dor. Só Ele pode.
E é certo também que a dor nos ajuda a discernir as prioridades; ela nos ajuda a ajustar o foco. O que, de fato, tem importância. O que nem vale a pena pensar; a companhia que não vale a pena ter por perto (sem deixar de, pelo menos, tentar amar); aprendemos a não gastar energia com o que não importa. Aprendemos a dar valor ao que é eterno e enxergar o que fica, o que é passageiro. Ficamos mais fortes para as lutas; o "casco" fica mais endurecido. Filtramos mais as palavras ouvidas...embora fiquemos mais atentos.
Ainda carrego meu luto, mas as palavras de Deus foram: "a por sobre os que estão de luto em Sião, uma coroa, ao invés de cinzas, óleo de alegria em vez de pranto, vestes de louvor em vez de espírito angustiado..." então quando a tristeza insiste em chegar, me lembro dessas palavras. E elas me consolam, me fazem lembrar que Deus tem alegria e força reservadas Nele, para mim, para a Sua glória...
Meu pai e Maria Fernanda, linda foto.
Fofos...dezembro de 2011.
Deus os abençoe,
Inté!