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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

parte 3

Foi quando comecei a perceber que Deus iniciou um processo comigo. O processo de cura. Porque o processo que cura da parte de Deus não tem band-aind e nem meio termo: é na raspagem mesmo, é profundo, é na raiz. Vi que Deus foi me levando a lugares onde estive com meu pai, onde tivemos algum momento, onde eu tinha alguma lembrança. Comecei a ficar interessada, atenta ao que Deus estava fazendo. Passei a notar que era algo que eu estava vivendo sem buscar, não estava dependendo de mim, mas circunstâncias foram se movendo e eu só ia. Como entrar num barco e ir no rumo da água. Deus estava fazendo MESMO sem a minha busca. Para aprender que naquele momento que você QUER algo de Deus mas já não tem forças para buscar, Ele ainda é fiel e está presente. Ele me conduziu como se pegasse nas minhas mãos e me ajudasse a andar. Sou e estou sendo prova viva de que Deus faz assim. E um dia, andando por um desses lugares em que estive com meu pai, sozinha, quieta, comecei a ouvir dentro de mim: “Tu és oásis no deserto”... ( e pensei: opa, conheço essa música, tá parecendo bem a forma como quando vem algo de Deus ao meu coração) “água fresca num dia quente, se eu não parar pra beber de Ti, eu não poderei prosseguir...Tu és o pão que alimenta, verdadeira comida, se eu não parar pra comer de Ti, eu não poderei prosseguir. Tu és fonte de vida no meu interior, Tu és o pão da vida, eu viverei por Ti”. Essa música é do Diante do trono, mas naquele momento ela soou diferente, eu reconhecia que era o Espírito de Deus trazendo aquilo dentro de mim, de forma que me chamou a atenção como ela surgiu na minha cabeça...soando bem macia...eu cantei ela em silêncio e meditei na letra, assim, sem muito esforço.
Naquela madrugada, acordei com ela novamente na minha cabeça. E um versículo: “A consolar todos os que choram, a por sobre os que estão de luto em Sião, uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria em vez de pranto, vestes de louvor em vez de espírito angustiado...a fim de que se chamem carvalhos de justiça plantados pelo Senhor para a sua glória” . Bom, daí eu já tinha perdido o sono.Levantei. Isaías 61.
E Deus começou a falar comigo...finalmente, porque eu fui sentindo algo diferente, fui identificando a voz  Dele. E outro versículo: “ Eis que faço uma coisa nova, agora sairá à luz; porventura não a percebeis?” Isaías 43.
Li ambos capítulos e ali Deus me disse: sabe aquelas águas que você disse que parecem querer te afogar? “Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” (Isaías 43:2).
E então Deus me trouxe a memória a figura do profeta que entrou na caverna. Na hora disse: Parece eu!!!
E Deus foi me fazendo entender que aquele silêncio todo precedia a voz Dele...eu me vi naquele capítulo da Bíblia...aquele homem que conhecia a Deus e que ficou deprimido, e se fechou na caverna.
Eu me vi fechada assim, e Deus me chamou, dizendo: “Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel. Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo nome, tu és meu” Isaías 43:1
Foi como se Ele me dissesse: Eu te chamo pelo teu nome, vem para fora.
Ele veio assim, da mesma forma, com essa voz suave. “Que fazes aqui, Carolina?”
“Ah, Senhor, eu esperei tantas coisas...elas não aconteceram...não foi da forma como eu pensei, como eu queria, não consigo lidar com isso. Não tenho forças, como vou levantar alguém, se eu estou assim...acho que eu não tenho chamado nenhum não, foi tudo um equívoco, não consigo cuidar de ninguém, meu Deus, nem mesmo de mim, olha como eu estou. Tentei tanto tempo honrar meu pai, mas ele morreu e eu não estava sequer falando com ele, parece que eu falhei, não honrei nada...mas eu tentei tanto, desde que te conheci aprendi que deveria ser assim...me ajuda a entender...”
Ele diz: “ Que fazes aqui? Sai da caverna, volta e faz aquilo que você  sabe que deve fazer.Volta. Continua. Segue. Confia em mim.” (1RS.19)
Hoje está completando 4 meses...hoje mesmo me lembrei tanto...
Eu sei que minha ferida está sendo tratada por Deus; sim, ainda choro, ainda sinto e sei que vai ser assim, porque sempre vou me lembrar. Mas não estou prostrada.
Eu não tenho mais meu pai aqui, mas Deus coloca em nosso caminho tantas pessoas que nos amam como se tívessemos o mesmo sangue, ainda que não tenhamos. Que me querem bem e que são verdadeiras. Louvo a Deus por isso.
E sigo assim, aberta para a cura de Deus, sabendo que de fato Deus, com sua voz, pode penetrar qualquer situação, qualquer coração, qualquer dor. Só Ele pode.
E é certo também que a dor nos ajuda a discernir as prioridades; ela nos ajuda a ajustar o foco. O que, de fato, tem importância. O que nem vale a pena pensar; a companhia que não vale a pena ter por perto (sem deixar de, pelo menos, tentar amar); aprendemos a não gastar energia com o que não importa. Aprendemos a dar valor ao que é eterno e enxergar o que fica, o que é passageiro. Ficamos mais fortes para as lutas; o "casco" fica mais endurecido. Filtramos mais as palavras ouvidas...embora fiquemos mais atentos.
Ainda carrego meu luto, mas as palavras de Deus foram: "a por sobre os que estão de luto em Sião, uma coroa, ao invés de cinzas, óleo de alegria em vez de pranto, vestes de louvor em vez de espírito angustiado..." então quando a tristeza insiste em chegar, me lembro dessas palavras. E elas me consolam, me fazem lembrar que Deus tem alegria e força reservadas Nele, para mim, para a Sua glória...


 Maria Fernanda, Débora e eu, um pouco antes do natal de 2011.


Meu pai e Maria Fernanda, linda foto.

Fofos...dezembro de 2011.


Deus os abençoe,
Inté!



quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O silêncio e o processo de cura da parte de Deus - parte 2

E me revoltei. Depois de tudo o que Deus fez em mim e na minha vida depois de 17 aos de caminhada com Deus, me vi revoltada. Sem entender porque Deus não me falou que aconteceria isso com meu pai. Mas hoje vejo que Deus vinha me preparando de algumas formas, que eu não percebi. Achava que era a minha saudade falando.
Mas entrei em conflito; não em relação à minha fé em Deus, mas passei a achar que me equivoquei quando achava que ouvia Deus falando comigo...olha, ficou uma bagunça aqui dentro...chorei, chorei e me fechei. Sumi. Pouco conversei com as pessoas, me recolhi, minha mãe, minha avó, meu marido, me ofereceram apoio, carinho; choraram comigo, choraram por mim também. E também vi o carinho de tantas pessoas que, mesmo percebendo a minha dor, faziam seu carinho chegar até mim.
Mas eu, literalmente entrei na caverna. Engraçado como você pode viver um cotidiano, o dia a dia, mas dentro de si estar dentro de uma caverna. Eu experimentei isso.
Minha comunicação com Deus silenciou. Pouco conseguia orar. Tenho vergonha em dizer que sequer li a Bíblia como deveria. Quase não li.
Orei pelo meu pai por 17 anos, ou seja, desde que me converti. E de repente, acabou. E eu não entendi nada. Para ser honesta, eu me decepcionei. Dei o último beijo no meu pai já falecido, eu não aceitava isso, que revolta. Deus sabe. Esperei e sonhei outras coisas e agora o que ficava dele?
E pensava: e agora? E agora? Tanta vida com Deus, tantas outras experiências, mas eu travei aqui, meu Deus, não consigo...não consigo sair da caverna...
Minhas emoções em alto e baixo...e dor...
Um dia disse ao meu marido que me sentia assim:” sabe quando você vai na praia, e o mar está bravo, e vem uma onda, você mergulha e quando vai se levantar, vem outra e quando pensava em tomar fôlego vem outra e você afunda e começa a tomar”capote”...então, estou me sentindo assim” parecia estar me debatendo e afundando e engolindo água. Desespero. E pensava: Meu Deus, a sua voz vai atravessar quando essa dor? Quando virá a cura? Tem cura? Não quero a cura do tempo só, eu quero a tua cura, existe a sua cura pra isso? E a sua voz? Só silêncio...e voltava a me debater.
Deus me permitiu ficar alguns dias de férias, tempo abençoado, fez-me muito bem a companhia da família, acabamos rindo e é sempre bom, mas dentro de mim ainda dizia: Cadê a voz de Deus? Era uma procura insistente da mente, do coração, inquietos, porém não busquei. Não tinha forças para buscar.
Chegou o dia de voltar a ministrar no louvor. Depois de tudo, era a segunda vez que ia cantar, cheguei a dizer a Deus: É pela graça, porque, Pai, o Senhor sabe como estou. Como vou cantar estando tão triste, meu Deus...não tenho vontade.Tá “dureza”...E me lembrei sobre sacrifício de louvor. E lá fui eu, pedindo graça a Deus.
Quando ensaiamos “ressuscita-me”, da Aline Barros, eu já comecei a querer chorar, já pensei: pronto, vou começar a chorar no culto e não vou conseguir cantar, ai Jesus...
“Mestre eu preciso de um milagre, transforma a minha vida, o meu estado. Faz tempo que eu não vejo a luz do dia...mestre não há outro que possa fazer, aquilo que só o teu nome tem todo poder, eu preciso tanto de um milagre. Remove minha pedra, me chama pelo nome, muda a minha história...me toca nesta hora, me chama para fora, ressuscita-me...Tu és a própria vida, a força que há em mim, Tu és o Filho de Deus que me ergue pra vencer. Já ouço tua voz, me chamando pra viver, uma história de poder”...
Essa música me acompanhou muito nesse período turbulento.
Na hora do culto, foi benção, tranqüilo. Quando cantamos a “Canção do Apocalipse”, na estrofe: “Jesus teu nome é força, é fôlego de vida, misteriosa água viva” me senti muito tocada, meu interior vibrou com a presença de Deus, foi um momento importante. Abrindo um parêntese, é muito interessante perceber como Deus vai agindo durante o louvor, como aconteceu ali comigo enquanto ministrava. E sei que é assim. E outro louvor que me marcou foi um que acordei com ele na cabeça no dia seguinte ao sepultamento do meu pai: “Eu sei que sempre estás comigo, Senhor, também sei que nada acontece sem a Tua vontade, mas é preciso aprender a confiar em Ti, é preciso aprender a descansar em Ti, Tu és meu Senhor. Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que te amam”. Louvor lindo do Fernandinho. O Louvor é algo poderoso da parte de Deus mesmo, tenho experimentado isso tantas vezes, em tantas momentos. Agradeço a Deus pelas vezes que Ele falou comigo por meio de louvores.
Mas, nesse caso, eu ainda esperava mais de Deus. Eu ainda estava precisando de mais da parte Dele.
E dizia: não tenho forças para buscar essa cura, como vai ser dessa vez?
Esse é meu querido, o Fábio. Me dá apoio, suporte. Me ouve chorar. Passou tantas comigo...nós sabemos e Deus conhece toda a nossa história. Deus  trouxe cura em muitas áreas da minha vida através dele. Homem de Deus, benção pura. Amo você.

Essa é minha avó Dina. Mais que benção na minha vida. Chora comigo, me ouve, ora por mim, torce por mim, me defende, me compreende...minha segunda mãe, de verdade. Amo você, vó.
Minha mãe com o Samuel bem novinho no colo. Minha amiga, pra qualquer hora. O que seria de nós sem Deus, não é, mãe? Amo você. Me defende até debaixo da água. Obrigada pelo apoio, por sofrer junto comigo.
Tem continuação,heim!
Deus os abençoe,
Inté!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O silêncio e o processo de cura da parte de Deus

Olá!
Faz tanto tempo que não venho aqui...e aconteceram tantas coisas desde a última vez que postei aqui no blog.
Para quem não sabe, no dia 27 de setembro de 2011, meu pai faleceu.
Após o falecimento do meu pai, entrei em um processo muito complicado emocionalmente. Desde o momento em que recebi a notícia, o choque, e o que se desenrolou depois, tudo ficou dentro de mim como um filme, passando em câmera lenta. Cada momento,cada passo, cada imagem, tudo gravado, lento, doloroso, cortante. 
Para quem me conhece, sabe que eu e meu pai tínhamos alguns problemas de relacionamento. É claro que tenho boas lembranças dele, bons momentos, rimos juntos, mas tivemos desentendimentos também. Era de temperamento forte. Eu não fico atrás...confesso. De personalidade marcante, bravo, tinha qualidades: um pai provedor, inteligente, antenado, bom papo, de bom gosto, caprichoso, bom cozinheiro, hospitaleiro, asseado. Sempre com uma sacada divertida, observações engraçadas. Sempre me incentivou muito a estudar, a ler, a ser atenta, ser melhor; me cobrava quando me via “rechonchuda”, não gostava...E tinha seus defeitos -como todos nós - os quais me permito aqui não mencionar. Quem conviveu com ele os conhece. Não foi fácil.
Tentei honrá-lo o quanto pude e o amava muito, embora fosse um amor sofrido. Sinto uma saudade imensa. Dói muito. Me dizia: - “Eu sou chato, mas um dia você vai sentir falta desse chato e vai dizer: quanta falta faz meu pai”... É verdade, faz muita falta mesmo.Penso nas coisas que poderiam ter acontecido, como tudo poderia ter sido diferente.Rumos diferentes. Fazia mais de três anos que não nos víamos. Minha filha nasceu e ele não a conheceu.
Mas gosto de me lembrar dos bons momentos. O restante, coloco na conta do amor, já passou.
Sou grata por tudo quanto Deus me proporcionou de bom através do meu pai e foi este pai que Ele me deu. E Deus não faz nada ao acaso, pois sabe quem pode passar para nós aquilo que Ele deseja que seja passado. Ainda que na imperfeição de nossos pais e nossas.
Meu pai e minha mãe foram casados por 16 anos. Estavam divorciados. Mas mantinham contato e amizade entre si. Nos últimos tempos, de forma mais distante do que sempre foi.
Deixou-me uma irmã, Maria Fernanda, hoje com 5 anos. Dizem que somos muito parecidas. Acho que nos parecemos muito com nosso pai, daí a semelhança entre nós.
Minha mãe se entristeceu pela perda, todos nós ainda não acreditamos. Foi do coração. Não teve doença, e dizia que não queria ficar velho e que queria morrer assim:” que desse logo um “negócio” e matasse e pronto”. E foi.
E para mim começou um tempo penoso. Eu me lembro de pensar quando soube: E agora? Como eu vou lidar com isso? Ficava brava com as coisas que ele fazia, dizia, mas depois vinha conversar como se nada tivesse acontecido. Sempre foi assim. Mas dessa última não aconteceu...e eu tive a impressão que ia enlouquecer de dor, porque eu acreditava numa reconciliação e esperava  por ela. Orei por isso, mas ela não veio.Talvez se eu aceitasse meu pai com os defeitos que tinha, teria sim acontecido. Porque a gente quer amar mas  quer mudar a pessoa, e tá aí uma lição, nem sempre a pessoa vai mudar...tem que amar como é mesmo, se mudar, se melhorar,  ótimo, todo mundo pode ser uma versão melhor de si, mas...implica em querer, em dobrar a vontade, em conhecer a Palavra de Deus, em se alinhar à ela...enfim.
Mas não queria que as coisas ficassem como ficaram e orava por uma mudança. Esperei. E esperei...e tive a notícia que não aconteceria mais.
Continuo no próximo post pra não ficar cansativo, ok?
Deus os abençoe,
 Inté!